domingo, 22 de março de 2020

A Bola de Neve chamada Corona

Eu estava indo para Itália quando ouvi falar deste novo Vírus, meu irmão me ligou pedindo para que eu colocasse uma máscara no avião. Ok, eu uso. Na farmácia do aeroporto ja faltavam mascaras, mas o salão de beleza as vendia por R$1,00.. Que coisa desagradável viajar de máscara, quando tirei para comer me senti ridícula! Naquele momento fico imune?

Enfim, cheguei em Roma para meu curso, e tinha outras coisas a me preocupar, afinal estar lá já era uma vitória, desempregada desde maio fiz todos os tipos de bicos possíveis, vendi meu ipad, recebi ajuda de amigos e lá fui eu, uma nova profissão e o curso numa língua que não falava. Como o curso valia uma vaga de trabalho e estudávamos o dia todo, e vivíamos no mesmo lugar do curso e não havia TV, vivi meio dentro de uma bolha na primeira metade de fevereiro.

De repente na terceira semana comecei ouvir sobre Milão, que haviam infectados e o governo havia pedidos para fecharem a escola e ficar em casa na região. Ganhamos um rádio e a partir daí o corona entrava na minha vida. Eles já haviam pedido para ficar em casa, mas os italianos usaram o break como férias, foram para os shopping e baresNa cabeça deles o problema estava na Ásia, como trabalho com turismo, já comecei a ouvir sobre bloqueios na China, mudança de rumos e tal.

No dia 25 de fevereiro a Itália tinha 11 mortos e 309 atingidos, e somente 1% da Itália estava realmente parada. De verdade, eu estava em Roma e lá havia 1 caso de uma mulher que havia vindo do Norte da Itália, mesmo assim, fui buscar uma máscara para usar no avião e ela custava 16 euros e durava algumas horas (4 era a recomendação medica), mas não tinha esta grana e acreditei que iria ser tudo bem, eu estava forte. Meus amigos no Norte já começavam a demonstram mais apreensão, mas ainda, quando se comparavam os sintomas e o quanto se morre de tantas outras doenças era ínfimo. E eu me revoltava, e dizia que o vírus era econômico, por conta da paralisação da China, a segunda economia do mundo... No sábado ,dois dias antes de partir, fui buscar um presente para minha sobrinha e já notei a cidade mais quieta, do Brasil eu recebia mensagens de muita gente preocupada comigo, eu ainda brincava que ouvi falar que 80.000 morrem de Aids e mesmo assim ninguém usa camisinha e ate que eu sabia que alguns retrovirais estavam sendo usados contra o vírus. De mascaras, só os orientais, e o preconceito com eles já estava no ar, eles, acabavam por se juntar onde estavam, no aeroporto , parece que escolheram uma área e ficavam todos lá, se auto isolando, sofrendo preconceito enquanto na verdade, já estava eram cuidando de nós! O pior voo da minha vida, juro, vim com medo, sabia que minha saúde estava boa (em dezembro meu cd4 deu 964) e que de verdade, eu mato vírus todos os dias, minha carga viral e zerada há anos, eu estava forte. Mas juro, o que me deu medo foi o fato que nem para entrar no avião na Itália, e nem no Brasil nenhum dos passageiros foi checado. 

Mas era Carnaval e o Brasil estava em festa, cheguei e saí correndo porque embarcaria na semana seguinte na Índia. Fui buscar meus remédios, aproveitei para falar com a Infectologista que me disse para ficar tranquila que eu estava forte. Fui fazer um check-up que preciso fazer pré-embarque e já pedi de cara o teste e ouvi que não precisava, eu ia fazer vários outros e estava sem sintomas e deveria ficar tranquila. No fim de semana, o entra e sai dos ônibus gelados de sp acabou me dando um resfriado, mas não havia nem febre e nem tosse. Tomei um monte de chá de gengibre, alho, limão e mel e acabei tomando um naldecon dia e fui me despedir dos amigos. No domingo ainda, entrei no site do Consulado da Índia e os portos foram fechados. Ora eu estou bem de saúde, não tenho nada, quero ir logo. Mas não funcionou assim, neste meio tempo já era dia 8 de Marco e a Itália se fechou. 

Resolvi mergulhar fundo nas informações, com ajuda de amigas e o excelente trabalho da mídia finalmente me deparei com alguns gráficos que me ajudaram a entender, não importava se eu estivesse assintomática, não importa que em mim fosse uma leve gripe mas era hora de pensar no outro. Mesmo assintomática a grande questão sobre este vírus e que ele e altamente contagioso e este e o maior problema. Obrigada Dráuzio Varella, que fez um live de uma hora e explicou de uma forma clara do que estávamos falando e sim, no Dr Dráuzio eu confio. 

A partir dai comecei a ouvir mais e mais coisas, e assim o vírus chegava cada vez mais próximo. Até que enfim , os números vieram e esclareceram tudo, ora se 30% dos infectados precisam de uti e se no Brasil são 14.800 leitos de uti que já estão quase lotados com outras doenças e outros 20.000 de pediatria, e com os hospitais particulares acho que são mais 20.000 mas este número não tenho certeza. Faz a conta ai, são 209, 3 milhões de pessoas...Sacou? Daí a importância de seguir o exemplo da China que precisa ser feito, confinamento e acabou. Não da para construir mais leitos, arrumar mais testes de uma hora para outra. 

E assim me convenci, e vc?

Seguem links úteis, para não propagar nada, que vocês julguem se achar necessário

 https://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/noticia/2020/03/15/brasil-precisa-aumentar-em-20percent-o-total-de-leitos-de-uti-para-adultos-no-sus-para-tratar-coronavirus-diz-entidade-medica.ghtml https://theintercept.com/2020/03/21/coronavirus-covid-tudo-voce-precisa-saber/ https://www.instagram.com/p/B97Y8R6pAmy/ https://science.sciencemag.org/content/early/2020/03/13/science.abb3221 https://www.washingtonpost.com/graphics/2020/world/corona-simulator/?utm_campaign=wp_main&utm_medium=social&utm_source=facebook https://www.mckinsey.com/business-functions/risk/our-insights/covid-19-implications-for-business

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